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segunda-feira, 6 de julho de 2015

VAI DECLAMAR? COMO ENSAIAR?

SUGESTÕES PARA DECLAMAÇÃO

A estrela não deve ser o Declamante, nem o Autor. É a poesia que deve aparecer. Por isso na hora da escolha da poesia, observe o texto, que lhe seja interessante, mas leia em voz alta para experimentar o sabor do som, das rimas. Escolha poesia que seja de texto fácil, para que todos entendam o que você esta dizendo. Uma poesia bem escolhida lhes dará segurança, satisfação.


1-Como primeira regra para alguém que vai declamar, não, não é decorar, mas se conscientizar que precisa falar devagar e com clareza. Mesmo porque isto vai ajudar a decorar. Pode-se ter um poema bonito, rico, assim como alguém pode decorá-lo muito bem, mas se falar rápido, irá desvalorizar o texto.
Adolescente tem mania de não pronunciar as últimas sílabas e, às vezes, as últimas palavras da frase.
Quem está dando treinamento precisa se focar em uma coisa por vez, ou seja, deixe o declamador fazer diversas vezes o texto consciente que está sendo observado só nisto: falar pausadamente.
O falar pausadamente irá dar maior controle, mais segurança para quem declama. Todos os passos seguintes devem ser acertados individualmente, treinando-se várias vezes só aquele passo, sem mistura-los. Claro que pode-se ir acumulando, somando, mas a cada passo novo treinar especificamente e conscientemente aquele passo.

2- Agora é hora de se preocupar em dar um espaço, uma pausa maior entre os parágrafos. Para isto que existem parágrafos, para indicar uma leve mudança de assunto, de detalhe, ou mesmo de continuidade, mas com outro enfoque (e para respirar com mais profundidade). Na simples leitura se faz isto. No poema é muito mais importante, se for com rima, mas importante ainda.
Obvio dizer que não e pode dar uma pausa tão grande a ponto de os ouvintes pensarem que você esqueceu o poema. Quando for dupla, dará um tempinho exato para outro entrar sem atropelar.

3- Agora é a hora de decidir a intensidade (o volume). Precisamos estudar o poema para discernir que partes podem ser feitas em voz baixa, em voz alta, em voz suave, em voz um pouquinho mais estridente, em voz mais romântica, em voz um pouco desleixada e sem interesse. Tudo isto tem seu lugar na declamação. É como uma musica, tem partes suaves, tem partes fortes. Tem partes fortes para falar rapidamente e partes fortes para falar pausadamente como martelando as sílabas. Podemos usar som suave, soprando bastante ar dos pulmões (fale a palavra ‘espaço’ bem suavemente como que está pedindo silencio em voz baixa, note que na sílaba ‘pa’ sai muito ar dos pulmões). Podemos usar voz menos suave fazendo soar na garganta.

4- Agora é hora de estudar os versos para descobrir quais versos serão falados com mais intensidade. Poemas são como musicas, geralmente começam mais suavemente, e vão adquirindo mais força, e, muitas vezes voltam a suavidade no final. Sim, vamos descobrir isto no texto, no assunto, conforme este se desenvolve. Isto deixará a apresentação mais dinâmica, sai dum lugar e chega em outro lugar, não fica cansativo, nem monótono. Pergunte para alguém que observa (ou para treinador) se a entonação (levada da voz, o ritmo) não está repetitivo.

5-Próximo passo, é definir gestos e posição das pernas. Os gestos irão obedecer naturalmente o texto. Mas aqui vai uma palavra de cautela: Vamos inovar, vamos inventar, vamos achar novas maneiras de expressar palavras com gestos. Todos usam os mesmos gestos para as mesmas palavras (mar é sempre com as mãos flutuando para o lado, lágrimas é sempre apontando para os olhos, etc). Vamos usar gestos incomuns, mas claro que devemos cuidar para que não fuja tanto que descaracterize o substantivo ou o verbo. Quem declama não deve ficar com as pernas paradas, mas também não devem ficar se mexendo o tempo inteiro. Então decida antes como irá se movimentar no palco. Por que não começar parado, olhando para a assistência? Por que não começar sentado? Conforme o texto vai caminhando, vamos aumentando os gestos e movimentação das pernas. Na parte do texto em que chega a um clímax, nossa voz está forte, ficamos exitados, enlevados e nosso corpo deve acompanhar esta agitação, quando o texto se acalma, nossa voz se acalma e nossa movimentação se acalma concordemente. Isto parece teatral, mas é assim mesmo que tem que ser. Os jurados vão julgar a interpretação, o que é isto senão a movimentação que acompanha a voz e o texto?. Mas deve-se decidir isto antes, não necessariamente exatamente quanto vai andar, ou para que lado, mas a intensidade e o momento da movimentação.
6-Em alguns casos (mas apenas em alguns casos, pois tudo que acontece muitas vezes cansa) pode-se fazer uma mudança extrema. Por exemplo no poema “Luz e Escuridão” na parte “cegueira insólita, solidificada, deslumbre , lacrada - não, não vi mais nada nada nada nada nada nada. . .”, eu fazia com voz forte e alta, desesperada, de joelhos (acabei de falar dum acidente que me deixou cego) e em seguida, na segunda parte da frase, falava com voz triste, fraca e continuava desesperada. Se isto acontecer uma ou duas vezes já é o suficiente para dar um ar dinâmico para a apresentação.
8-Preocupe-se também em como fará o final. O final tem que ter um tom terminal. Uma boa sugestão é dar uma pausa um pouco maior antes de começar o último parágrafo. Um tom terminante significa uma maneira de expressar em que indique a todos que é o último paragrafo, como se dissesse ‘portanto’, ou ‘sendo assim’ como quem vai falar a última coisa e fim. As últimas palavras, a última frase deve ser falada bem lentamente.
9-Qual a primeira coisa a se fazer na hora da apresentação. Jamais saia falando. Primeiro feche os olhos e respire fundo. Depois olhe pausadamente para a assistência, olhando de um lado até o outro da sala. Então comece a falar. Isto te dará segurança pela apresentação adentro.
10-Decida antes o que fará se esquecer ou errar o texto. Pense em como os jurados olharão esta falha. Se eles observarem você se perder, ficar nervosa, tirarão pontos. Decida que, calmamente, irá respirar, olhar tranquilamente para a assistência e repetir o verso do início, e seguir. Note o que sempre acontece quando alguém erra poema ou leitura. A pessoa recomeça, ou pula pra frente e nos próximo parágrafos atropela palavras. É como alguém que tropeça mas não cai, sai desiquilibrado por vários passos até ficar bem. Vamos evitar isto. Se fizer a sugestão acima, irá recomeçar o verso de maneira segura, firme e com confiança, os jurados aplaudirão. Mas decida isto antes, treine isto antes diversas vezes para ficar natural, se um dia acontecer, você se sairá muito bem.
11-Procure as palavras que não conhece num dicionário para entender a frase e a ideia que o autor quis expressar. Se a língua não consegue falar uma determinada palavra, escreva-a com letras grandes e prenda no espelho, no caderno, no notebook, no celular, para olhar várias vezes para ela e sempre que fizer isto fale em ‘voz alta’ para que o cérebro ensine a língua a expressá-la sem tropeço.


Experimente fazer com texto abaixo



UMA SIMPLES CANÇÃO * 
*
* Na doce mensagem de uma simples canção (voz suave) (parado em pé)
Muito mais no encanto de uma melodia triste (voz normal de média altura) (parado em pé)
Na melancolia de umas horas de uns dias (voz triste) (parado, vire-se para direita com as mãos tapando rosto)
Incompreensão gera só tensão tristeza * (voz forte martelada nas duas últimas palavras) (um passo para frente, pernas abertas)
*
* A doce mensagem não importa às vezes (voz desleixada) (virado para o lado)
Mas na melodia, está minha alegria (Voz com tom alegre) (dá volta por trás e na metade começa a falar, acaba falar quando fica de frente –braços abertos no alto)
Só o violão ouve a minha voz (voz introspecta, como se estivesse olhando para o além – (ajoelha-se como ‘o pensador’)(é uma afirmação , mas é algo estranho, curioso)
Sim na solidão, ecoa meu refrão * (voz triste, fraca, afirmativamente) (em pé braços abertos para frente do corpo)
*
No suave silêncio de uma horas no dia (voz normal)
A doce canção alivia tensão, a irritação (voz meiga, suave, com olhos fechados)
Na desistressante e suave harmonia (voz normal, meio fraca)
Cada nota faz e traz uma incessante alegria (voz alta e forte, como que está concluindo)
*

2 comentários:

  1. A saudade é mútua.
    Se não declamamos, pelo menos não esqueçamos de escrever poesias novas.

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