SUGESTÕES PARA
DECLAMAÇÃO
A estrela não
deve ser o Declamante, nem o Autor. É a poesia que deve aparecer.
Por isso na hora da escolha da poesia, observe o texto, que lhe seja
interessante, mas leia em voz alta para experimentar o sabor do som,
das rimas. Escolha poesia que seja de texto fácil, para que todos
entendam o que você esta dizendo. Uma poesia bem escolhida lhes dará
segurança, satisfação.
1-Como primeira
regra para alguém que vai declamar, não, não é decorar, mas se
conscientizar que precisa falar devagar e com clareza. Mesmo porque
isto vai ajudar a decorar. Pode-se ter um poema bonito, rico, assim
como alguém pode decorá-lo muito bem, mas se falar rápido, irá
desvalorizar o texto.
Adolescente tem
mania de não pronunciar as últimas sílabas e, às vezes, as
últimas palavras da frase.
Quem está dando
treinamento precisa se focar em uma coisa por vez, ou seja, deixe o
declamador fazer diversas vezes o texto consciente que está sendo
observado só nisto: falar pausadamente.
O falar
pausadamente irá dar maior controle, mais segurança para quem
declama. Todos os passos seguintes devem ser acertados
individualmente, treinando-se várias vezes só aquele passo, sem
mistura-los. Claro que pode-se ir acumulando, somando, mas a cada
passo novo treinar especificamente e conscientemente aquele passo.
2- Agora é hora
de se preocupar em dar um espaço, uma pausa maior entre os
parágrafos. Para isto que existem parágrafos, para indicar uma leve
mudança de assunto, de detalhe, ou mesmo de continuidade, mas com
outro enfoque (e para respirar com mais profundidade). Na simples
leitura se faz isto. No poema é muito mais importante, se for com
rima, mas importante ainda.
Obvio dizer que
não e pode dar uma pausa tão grande a ponto de os ouvintes pensarem
que você esqueceu o poema. Quando for dupla, dará um tempinho exato
para outro entrar sem atropelar.
3- Agora é a
hora de decidir a intensidade (o volume). Precisamos estudar o poema
para discernir que partes podem ser feitas em voz baixa, em voz alta,
em voz suave, em voz um pouquinho mais estridente, em voz mais
romântica, em voz um pouco desleixada e sem interesse. Tudo isto tem
seu lugar na declamação. É como uma musica, tem partes suaves, tem
partes fortes. Tem partes fortes para falar rapidamente e partes
fortes para falar pausadamente como martelando as sílabas. Podemos
usar som suave, soprando bastante ar dos pulmões (fale a palavra
‘espaço’ bem suavemente como que está pedindo silencio em voz
baixa, note que na sílaba ‘pa’ sai muito ar dos pulmões).
Podemos usar voz menos suave fazendo soar na garganta.
4- Agora é hora
de estudar os versos para descobrir quais versos serão falados com
mais intensidade. Poemas são como musicas, geralmente começam mais
suavemente, e vão adquirindo mais força, e, muitas vezes voltam a
suavidade no final. Sim, vamos descobrir isto no texto, no assunto,
conforme este se desenvolve. Isto deixará a apresentação mais
dinâmica, sai dum lugar e chega em outro lugar, não fica cansativo,
nem monótono. Pergunte para alguém que observa (ou para treinador)
se a entonação (levada da voz, o ritmo) não está repetitivo.
5-Próximo passo,
é definir gestos e posição das pernas. Os gestos irão obedecer
naturalmente o texto. Mas aqui vai uma palavra de cautela: Vamos
inovar, vamos inventar, vamos achar novas maneiras de expressar
palavras com gestos. Todos usam os mesmos gestos para as mesmas
palavras (mar é sempre com as mãos flutuando para o lado, lágrimas
é sempre apontando para os olhos, etc). Vamos usar gestos incomuns,
mas claro que devemos cuidar para que não fuja tanto que
descaracterize o substantivo ou o verbo. Quem declama não deve ficar
com as pernas paradas, mas também não devem ficar se mexendo o
tempo inteiro. Então decida antes como irá se movimentar no palco.
Por que não começar parado, olhando para a assistência? Por que
não começar sentado? Conforme o texto vai caminhando, vamos
aumentando os gestos e movimentação das pernas. Na parte do texto
em que chega a um clímax, nossa voz está forte, ficamos exitados,
enlevados e nosso corpo deve acompanhar esta agitação, quando o
texto se acalma, nossa voz se acalma e nossa movimentação se acalma
concordemente. Isto parece teatral, mas é assim mesmo que tem que
ser. Os jurados vão julgar a interpretação, o que é isto senão a
movimentação que acompanha a voz e o texto?. Mas deve-se decidir
isto antes, não necessariamente exatamente quanto vai andar, ou para
que lado, mas a intensidade e o momento da movimentação.
6-Em alguns casos
(mas apenas em alguns casos, pois tudo que acontece muitas vezes
cansa) pode-se fazer uma mudança extrema. Por exemplo no poema “Luz
e Escuridão” na parte “cegueira insólita, solidificada,
deslumbre , lacrada - não, não vi mais nada nada nada nada nada
nada. . .”, eu fazia com voz forte e alta, desesperada, de joelhos
(acabei de falar dum acidente que me deixou cego) e em seguida, na
segunda parte da frase, falava com voz triste, fraca e continuava
desesperada. Se isto acontecer uma ou duas vezes já é o suficiente
para dar um ar dinâmico para a apresentação.
8-Preocupe-se
também em como fará o final. O final tem que ter um tom terminal.
Uma boa sugestão é dar uma pausa um pouco maior antes de começar o
último parágrafo. Um tom terminante significa uma maneira de
expressar em que indique a todos que é o último paragrafo, como se
dissesse ‘portanto’, ou ‘sendo assim’ como quem vai falar a
última coisa e fim. As últimas palavras, a última frase deve ser
falada bem lentamente.
9-Qual a primeira
coisa a se fazer na hora da apresentação. Jamais saia falando.
Primeiro feche os olhos e respire fundo. Depois olhe pausadamente
para a assistência, olhando de um lado até o outro da sala. Então
comece a falar. Isto te dará segurança pela apresentação adentro.
10-Decida antes o
que fará se esquecer ou errar o texto. Pense em como os jurados
olharão esta falha. Se eles observarem você se perder, ficar
nervosa, tirarão pontos. Decida que, calmamente, irá respirar,
olhar tranquilamente para a assistência e repetir o verso do início,
e seguir. Note o que sempre acontece quando alguém erra poema ou
leitura. A pessoa recomeça, ou pula pra frente e nos próximo
parágrafos atropela palavras. É como alguém que tropeça mas não
cai, sai desiquilibrado por vários passos até ficar bem. Vamos
evitar isto. Se fizer a sugestão acima, irá recomeçar o verso de
maneira segura, firme e com confiança, os jurados aplaudirão. Mas
decida isto antes, treine isto antes diversas vezes para ficar
natural, se um dia acontecer, você se sairá muito bem.
11-Procure as
palavras que não conhece num dicionário para entender a frase e a
ideia que o autor quis expressar. Se a língua não consegue falar
uma determinada palavra, escreva-a com letras grandes e prenda no
espelho, no caderno, no notebook, no celular, para olhar várias
vezes para ela e sempre que fizer isto fale em ‘voz alta’ para
que o cérebro ensine a língua a expressá-la sem tropeço.
Experimente fazer
com texto abaixo
UMA
SIMPLES CANÇÃO *
*
*
Na doce mensagem de uma simples canção (voz suave) (parado
em pé)
Muito
mais no encanto de uma melodia triste (voz normal de média altura)
(parado em pé)
Na
melancolia de umas horas de uns dias (voz triste) (parado, vire-se
para direita com as mãos tapando rosto)
Incompreensão
gera só tensão tristeza * (voz forte martelada nas duas últimas
palavras) (um passo para frente, pernas abertas)
*
*
*
A doce mensagem não importa às vezes (voz desleixada) (virado para
o lado)
Mas
na melodia, está minha alegria (Voz com tom alegre) (dá volta por
trás e na metade começa a falar, acaba falar quando fica de frente
–braços abertos no alto)
Só
o violão ouve a minha voz (voz introspecta, como se estivesse
olhando para o além – (ajoelha-se como ‘o pensador’)(é uma
afirmação , mas é algo estranho, curioso)
Sim
na solidão, ecoa meu refrão * (voz triste, fraca, afirmativamente)
(em pé braços abertos para frente
do corpo)
*
No
suave silêncio de uma horas no dia (voz normal)
A
doce canção alivia tensão, a irritação (voz meiga, suave, com
olhos fechados)
Na
desistressante e suave harmonia (voz normal, meio fraca)
Cada
nota faz e traz uma incessante alegria (voz alta e forte, como que
está concluindo)
*
Saudades de te ouvir declamando...
ResponderExcluirA saudade é mútua.
ResponderExcluirSe não declamamos, pelo menos não esqueçamos de escrever poesias novas.