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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A FELICIDADE, É TÃO DIFICIL ENCONTRÁ-LA?

A FELICIDADE
Existe um conceito bastante infeliz a respeito do significado da real Felicidade.
As pessoas aprenderam a pensar que poderão ser felizes um dia no futuro. Também, elas se acostumaram com a ideia de que algo vai mudar em suas vidas, e daí, poderão usufruir a Felicidade.
A felicidade passou a estar vinculada a empreendimentos sempre futuros.
“Quando eu tirar a carteira de motorista, poderei ter meu carro, ir para onde eu quiser, com quem eu quiser”.
“Quando eu comprar o carro que tanto sonho, serei bem feliz”.
“Quanto eu tiver minha casa própria, a minha felicidade estará completa”.
“Quando eu achar o príncipe encantado, tiver meus filhos serei feliz de verdade.
Assim, a felicidade passa a ser um alvo almejado que sempre jaz no futuro.
Quando o futuro chega, a pessoa consegue adquirir seu bem, seja o carro ou o príncipe, ela nota que a alegria de usufruir um bem recém-adquirido é grande, mas não preenche sua vida como ela sempre pensou.
A felicidade parece ser enorme no começo, mas depois de um tempo os sonhos se renovam, e passa-se a almejar algo melhor ainda.
“Quando eu trocar meu carro por um melhor, dos meus sonhos, serei, sim bem feliz”.
Como o carro sempre ficará velho e ultrapassado, a felicidade será por pouco tempo, pois, estará vinculada à próxima adquisição.
O mesmo se dá com o ‘príncipe’. Algumas pessoas casadas já por um certo tempo, reclamam de sua vida e separam-se achando que um dia um verdadeiro ‘príncipe’ aparecerá em sua vida. Esquecem-se que já houve um príncipe e que este já não é mais.
A felicidade persiste em estar lá na frente, no futuro, que hoje é inalcançável. E quando chega este futuro, o objeto que estava ligado a tal felicidade não demonstra ser toda aquela alegria que a tal felicidade deveria proporcionar.

Por isto aprendi a alcançar a Felicidade. Não deixo para tê-la no futuro.
Aprendi a dar valor às coisas poucas e pequenas de minha vida. Passei a amar o que tenho. Se bem material, barato ou caro, usufruo da melhor maneira com muito contentamento.
Não preciso ligar a minha felicidade a um carro que terei no futuro, pois se tenho minha bicicleta, prezo-a como um bem precioso. Vou a todas as partes da cidade em menos tempo que um carro, não gasto gasolina, não poluo o ar, faço exercícios, pedalo assobiando e usufruindo a natureza ao meu redor. Minha cidade parece mais bela, aprecio as montanhas, observo os céus, as nuvens, o pôr do sol. Não penso nos dias de chuva, mas nos tempos bons para andar de bicicleta. Depois que comprei o carro, ainda saio muito de bicicleta.
O ‘príncipe’, que no meu caso foi ‘princesa’, eu transformei-a em uma rainha. Trato-a como uma princesa. Mesmo quando está nervosa, irracional, nos dias ruins, tenho paciência, falo o menos possível, sabendo que em outros dias ela estará com outra disposição, alegre e feliz, inclusive colaborativa comigo. O respeito que concedo a ela, ganho de volta sempre.
Se o meu tênis, ou minha roupa, não pode ser de marca, me lembro que muitos não têm o que vestir, então o pouco que tenho certamente é lucro. Quando vou me comparar a alguém, jamais me comparo a alguém que tem mais que eu, mais talento, mais dinheiro, mais bens, ou seja o que for; isto me daria razões para pensar que não sou feliz como deveria e que eu poderia ser se conseguisse adquirir o que eles têm.
A verdade é justamente o oposto disto. Talvez eles tenham muito mais que eu, mas ainda não tenham aprendido a serem felizes com o que têm. Coisa que eu já aprendi.
Comparo me às vezes com aqueles que têm menos que eu. Vejo então que tenho todas as razões para ser muito feliz.
Aprendi a dar valor a coisas aparentemente insignificantes. Quando passo por um jardim, aprecio as pequenas flores, os detalhes. Quando leio um livro, coisa que tanto o rico como o pobre podem usufruir com alegria, viajo e usufruo das pequenas descrições do que quer que seja.
Mas é na presença de pessoas que posso entender o quanto posso ser feliz agora. Quando compartilho o que tenho com outro, certamente a felicidade sorri para mim. Pessoas não se tocam que ao dar um bom dia, um elogio, um pequeno conselho, ou simplesmente trocar algumas palavras agradáveis, poderiam fazer disto um motivo para ser feliz.
Talvez não se aperceba que a mera presença duma pessoa, boa ou má, é importante para nós. Mas quando esta pessoa se vai, deixa de estar conosco nesta vida, todos ficam chocados, tristes, amedrontados. Mas talvez não tenham aproveitado enquanto viva, para trocar palavras amigáveis.
Quando está em nossa mão fazer algum bem a outros, seja em razão de nosso trabalho, seja em razão de nossa experiência, ou por algum talento que tenhamos, deveríamos fazer tal ação bondosa por dois motivos: a pessoa será beneficiada com uma ação nossa, quem sabe o bem que isto possa produzir hoje ou mesmo no futuro. Mas também, o que é mais importante, o bem que produzimos a nós mesmos. Mesmo que não faça a menor diferença na vida de outra pessoa o que fizemos para beneficiá-la, certamente nós teremos razões para estar contentes com nós mesmos.
Penso no inverso disto. Quando alguém me prejudica. Quando me privo de fazer o bem por alguma coisa que outra pessoa fez deixando de ser merecedora de meu carinho. Pensar no assunto causa entristecimento para meu coração, para meu animo. Falo inevitavelmente a outros, compartilhando de experiência ruim com outros. Quantas mais vezes eu falo, mais este conceito negativo me afeta mesmo sem perceber. Parece que eu quero que as pessoas saibam do meu sofrimento, parece que quero que saibam que aquela pessoa é má, quero acabar com a reputação dela. E outras pessoas podem absorver este conceito ruim que só faz mal a todos. A pessoa que me fez mal fica bem, e eu, que achei ter sido prejudicado, prejudico ainda mais mim mesmo, acrescento mais dor a mim mesmo. Sem perceber mantenho em mente a coisa má, perpetuo as mágoas no coração, causo dano a mim mesmo. Em pouco tempo, enveneno meu ambiente e pessoas que me cercam.
Fazendo o inverso, destruímos os efeitos do ciclo negativo. Se um motorista me corta a frente na ida para o trabalho, tenho a opção de xingá-lo, falar mal dele no trabalho para colegas, e, em casa, para familiares. As pessoas ao me ouvir, falarão das mesmas coisas, acrescentando experiências ruins em minha cabeça. Mas se logo após o tal me ‘fechar a frente’ no transito, eu consigo me manter calmo, segundos depois esqueço o que aconteceu. O acontecimento não me afeta em nada, nem outras pessoas ficam sequer sabendo do ocorrido.
O acontecimento no transito poderia ser uma palavra rude, uma ação desagradável, uma notícia ruim ou situação desconfortável. Não me deixo entristecer, nem estresso outros. Consigo esquecer o assunto em pouco tempo depois e este não me perturba nem me afeta em nada.
Se faz calor me alegro; praia, menos roupa, passeios. Se faz frio me alegro também, tenho outras oportunidades valiosas que só com o frio se apresentam. Notei que as pessoas acham ruim quando chove ou está frio. Vem o calor e reclamam que está quente.
Outra coisa que me recusa deixar que me pegue é o estresse. Sempre calmamente, paro a minha mente e me esforço conscientemente a não me deixar ficar estressado. Faço isto também quando pessoas estressadas ao meu redor querem, sem perceber, me levar junto neste buraco negro, nesta roda de agitação que tudo tem que ser para ontem. Respiro e faço calmamente o que tem que ser feito.
Existem muitas coisas que me deixam realmente feliz. As coisas mais simples, que são aliás, as coisas mais belas.
Tudo isto parece muito bom, mas não é nenhuma novidade. Todo mundo já sabe de tudo isto.
O caso porém, é conseguir manter este ponto de vista quando ao nosso redor pessoas persistem em manter um ponto de visto exatamente oposto.
Mas, de vez em quando aparece momentos realmente tristes. No entanto, há pessoas em situações muito mais difíceis da que a minha. Muito mesmo. Mães que cujos filhos sumiram, escravos de sistemas políticos radicais, pessoas que perderam seres amados na morte ou que ficaram com graves sequelas em seus corpos. Pessoas que, em desespero, se suicidam.
Parece-me que, quando eu estou numa situação bastante triste, ainda assim acharei muitas razões para estar alegre. Com certeza poderia ser pior. Ademais, toda vez que acontece alguma coisa ruim em nossa vida, este mesmo acontecimento poderá fazer a diferença mais tarde se aprendemos algo disto. Estaremos melhor preparados para futuras situações parecidas, inclusive sabendo evitar ou lidar melhor com elas, ou poderemos ajudar outros que porventura passem pelo mesmo..
Mas o que mais me alegra vem de pessoas amigas. Uma palavra boa, uma abraço por mais rápido que seja, o calor da mão num cumprimento, a proximidade dum corpo amigo. Porque num abraço, eu compartilho um sentimento sem usar palavras, eu compartilho um momento, um roçar de pele, que a outra pessoa também compartilha com maior ou menor intensidade.
Não aguardo ocasiões especiais para expressar meu carinho por pessoas que eu gosto. Em ocasiões especiais, pessoas esperam por presentes que se não vierem lhes causará decepção. Presentes que virão de pessoas que nem gostam tanto de nós, ou de pessoas que nem tem condições para nos presentear, mas o farão por obrigação. Quantas vezes ouvi pessoas reclamando que tiveram de dar presentes que saíram caro, no natal, amigo secreto, aniversários. No ‘amigo secreto’ então, pessoas sem afinidade nenhuma recebem presentes totalmente inadequados, e reclamam ao comparar entre o que ganharam com o que receberam.
Portanto decidi dar presentes sempre que posso, para pessoas que realmente gosto, sempre que eu tenha vontade.
Faço isto sempre que posso e tenho vontade. Presentes não esperados podem ser muito baratos e serão recebidos com muita emoção.
Há presentes, no entanto, que não custam nada financeiramente. Uma palavra legal, uma abraço apertado, um favor prestado a um amigo, um apoio presencial. Neste caso quem é alvo de receber fica feliz e a mesma ação de prestar favor pode causar em quem dá, um prazer ainda maior.
A felicidade sempre esteve aqui, do meu lado. Eu decidi abraçá-la agora.