Páginas

quarta-feira, 1 de julho de 2015

A VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO – QUAL É A SUA COR?


AS CONTRADIÇÕES DE NOSSO MUNDO Parte 1


A VALORIZAÇÃO DA CULTURA AFRO – QUAL É A SUA COR?


Eu fui incubido de preencher o relatório do COMPIR ( Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial) cuja atribuição é de formular, assessorar e acompanhar as políticas públicas, institucionais, culturais e pedagógicas, visando reparações, reconhecimento e valorização da identidade, da cultura e da história dos afrodescendentes, de grupos étnicos e/ou segmentos historicamente estigmatizados por relações etnorraciais.

Neste questionário pergunta-se a cor e ou raça e das pessoas na escola, alunos, professores e funcionários. Solicita-se apenas os números destes separados em Branca – Preta – Amarela – Parda – Indígena.

Entenda-se que “A palavra pardo é mais comumente usada para referir-se aos brasileiros com variadas ascendências raciais. O manual do IBGE define o significado atribuído ao termo como pessoas com uma mistura de cores de pele, seja essa miscigenação mulata (descendentes de brancos e negros), cabocla (descendentes de brancos e ameríndios), cafuza (descendentes de negros e indígenas) ou mestiça”.

"Negro" é a soma dos Pretos e Pardos (mesmo que uma pessoa “parda” possa ser filho de branco com índio).  " . . .consequência é o possível uso da soma de pretos e pardos como negros para produzir estatísticas enganosas. Segundo a jurista Roberta Kaufmann, existe uma "grotesca manipulação dos índices relacionados aos negros". Ela cita que muitos ativistas contam os pardos como negros para dizer que a maioria da população brasileira é negra, mas excluem os pardos quando afirmam, por exemplo, que há apenas 3% de negros nas universidades brasileiras".
 
Como e quem determina a cor e ou a raça?

Não se trata, portanto, de uma classificação biológica ou física com base no genótipo. Pardos e pretos são categorias de classificação da cor da pele tomadas a partir da auto identificação da pessoa que responde a pergunta do IBGE. Assim, um entrevistador pode achar que a cor da pele de uma pessoa é preta, mas o próprio entrevistado pode se achar da cor parda ou branca”. http://www.ecodebate.com.br/2010/06/28/a-definicao-de-corraca-do-ibge-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

Dos alunos, eu recorri ao sistema on line, que é onde eu registro por ocasião da matricula. Na verdade, a cor e ou raça do aluno é registrada segundo a declaração de quem está fazendo a matricula, ou seja mãe, pai ou responsável legal.
Dos professores e funcionários precisei recorrer aos próprios. Ao perguntar a cada um deles surgiu grande polêmica. A professora afro, preta, diz ser descendente de preto com índio, portanto é parda, “mas eu me considero da raça negra”, disse ela. Na verdade quase todos que se consideram branco ou negro são na verdade pardos, porque tem descendência mista. Eu mesmo não me considero branco, pois quando comparo as costas de minhas mãos com papel sulfite, branco, vejo que não sou branco. Tampouco sou preto, pois também comparo com o teclado negro em que digito. De cor mesmo, sou meio bege. E quanto a descendência, tenho afrodescendentes, índios, bugres, holandeses e poloneses na minha ascendência, então não sei que “raça” sou, parda então, sei lá.
Quem são afrodescendentes? Os pretos ou melhor, os negros. Me lembrei que há uma parte grande dos habitantes da África que são brancos e que é bem possível que descendentes destes que por acaso estejam no Brasil, sejam uma miscigenação de “afrodescendia”, porém negros, não pretos, e sim, pardos.

O que perguntava mais o questionário da Compir? 
Bem, o que se queria saber é como estão sendo cumpridas leis de fomentação à cultura afrodescendente, no plano da escola, nos projetos da escola, no tratamento aos alunos afrodescendentes, na disponibilidade de livros para pesquisa, enfim, como a cultura afrodescendente tem sido valorizada na escola.
A legislação maior assegura-nos que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,. . .” Art. 5º.

A COMPIR tem como objetivo “promoção da igualdade racial com ênfase na população negra e em outros segmentos étnicos da população brasileira, com o objetivo de combater o racismo, o preconceito, a discriminação, a xenofobia e de reduzir as desigualdades raciais nos campos econômico, social, político e cultural”.
Precisa-se colocar em destaque a “raça”, dando vantagens, destaque, para nivelar o que foi perdido em questão de respeito às 'raças' negra e indígena. Se uma revista se intitular hoje como 'raça branca', ou em vez de homenagear um dia a vinda dos alemães, italianos, japoneses ou outros, se homenageássemos a 'raça branca', seria muito descabido para nossos dias. Assim, se pretende elevar a 'raça' afro para assegurar o respeito que faltou nos séculos até hoje.


Veja:
AS CONTRADIÇÕES DE NOSSO MUNDO Parte2

Nenhum comentário:

Postar um comentário