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quinta-feira, 9 de abril de 2015

A LUZ NA ESCURIDÃO

A LUZ NA ESCURIDÃO
 
1
Até meus vinte e poucos anos eu via tudo
Fiz viagens vi estrelas escuridão e céu profundo
Vi as cores vi a as luzes vi “as gentes” pelo mundo
2
Conheci cidades vi maldades um mundo imundo
vi corpos sarados sepulcros caiados enterrados bem fundo
E à toa também vi gente boa tudo num segundo
3
Vi seres doentios vi tiros perdidos mortos esquecidos
Vi seres errantes vi amantes diamantes empedernidos
Vi seres insensíveis empecidos de olhares empobrecidos
4
No som de cachoeiras nas serras e na planície costeira
Vi o tempo vi o vento passeando e levantando poeira
Vi a chuva vi a neve vi casas sem eira nem beira
5
vi o arco íris na íris dos olhos vi amores em sete cores
vi a chuva cair a lagrima vazar verter em sete dores
mas vi o sorrir sem mentir o desabrochar de sete flores
6
Minha amada me deu sua mão seu carinho e atenção
Me deu a lua me deu o sol o brilho num caracol de emoção
E filhos meu maior presente as sementes no coração
7
E nos seus olhos amor eterno vejo ensejo lábios que brilham
E nos meus filhos amor etéreo ensejo meu desejo que brilhem
Em casa nas asas da ternura as travessuras que infantes trilham
8
2x
Meus olhos olhavam tudo não enxergavam o futuro sem explicação
Na direção errada não viam nada se viam foi em vão
1
em meus trinta e poucos anos eu via tudo
num acidente a gente sente escuridão e céu profundo
se foram as luzes as cores empalideceu o mundo
2
não enxerguei mais nada como conto de fada faca afiada
cortou me a esperança e como criança virei em nada
bruxuleou me a luz feito um capuz minha pálpebra celada
3
cegueira insólita, solidificada, cerrada , lacrada
não, não vi mais nada nada nada nada nada nada
4
meu mundo parou e congelou a imagem ficou na mente
as ultimas imagens me vem e não saem mesmo que tente
tudo parece que permanece assim como ficou de repente
1
em meus muitos anos há muito não vejo nada
embora envelhecido jamais esquecido vejo a amada
sua doce voz me embriaga e me afaga meiga palavra
2
o rosto da amada envelheceu tanto quanto eu
para mim é o mesmo rosto jovem que se move
mesmo olhar da cor do mar e sorrisos a enfeitar
3
sei que tudo muda que o sol inunda pradarias serenas
para mim anos não passam imagens embaçam apenas
tudo parece que amanhece como das ultimas cenas
4
meus filhos com voz adulta casados já emancipados
têm a mesma face juvenil infantil que os vi em anos passados
5
a cidade mudou o prédio alguém pintou o asfalto já rachou
a novela acabou a gíria se modificou o transito aumentou
a moda se estilizou o sapato afinou . . .
6
mas as cores são as mesmas as novelas mesmos temas
os atores são os mesmos a maldade continua em cena
os odores são os mesmos a política mesmo esquema
7
Eu não vi a modernidade mas vivi a globalização
Conheci outras cidades medindo meus passos pelo chão
Meu laptop ouço a voz sim de todos voz na escuridão
8
Meus olhos são as minhas mãos meus ouvidos são minha visão
O braile nos meus dedos contam muitos segredos como um clarão
Eu vivo como todo mundo digo tudo que tenho a dizer
Quem é vivo sempre espera pois eu vivo nesta terra com muito prazer

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